O cenário da música popular brasileira perdeu hoje, 1º de maio de 2025, uma de suas vozes mais marcantes e emocionantes: Nana Caymmi. Aos 84 anos, a cantora nos deixou no Rio de Janeiro, onde estava internada na Clínica São José desde agosto do ano passado, lutando contra uma arritmia cardíaca. A notícia, confirmada por seu irmão Danilo Caymmi, ecoou com tristeza entre artistas, fãs e admiradores de sua trajetória singular.
Nascida Dinahir Tostes Caymmi, em 29 de abril de 1941, no Rio de Janeiro, Nana carregava em seu nome e em seu sangue a musicalidade de um dos maiores ícones da MPB, seu pai Dorival Caymmi, e a beleza da escritora e pintora Stella Maris. Sua estreia musical precoce, ainda criança, em gravações ao lado do pai, prenunciava uma carreira que trilharia caminhos próprios, firmando-se como uma das maiores intérpretes do país.
A década de 1960 marcou sua ascensão. Em 1966, no I Festival Internacional da Canção, no Rio, sua interpretação de “Saveiros”, composição de seu irmão Dori Caymmi em parceria com Nelson Motta, conquistou o primeiro lugar na fase nacional, mesmo diante de vaias de uma plateia que preferia outra concorrente. Esse episódio, longe de abalá-la, evidenciou sua personalidade forte e sua entrega visceral à música.
A voz de Nana Caymmi era inconfundível: grave, aveludada, carregada de emoção e nuances que davam vida nova a cada canção que interpretava. Transitou com maestria entre a bossa nova, o samba-canção e a MPB, emprestando sua interpretação única a clássicos de seu pai, de Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Chico Buarque e de tantos outros compositores que admirava.
Ao longo de sua prolífica carreira, Nana lançou mais de 30 álbuns, cada um deles uma joia da nossa música. Canções como “Resposta ao Tempo”, que se tornou um de seus maiores sucessos na década de 1990, “A Noite do Meu Bem”, “Eu Não Existo Sem Você” e “Suave Veneno” são apenas algumas amostras de seu talento interpretativo e de sua capacidade de tocar profundamente a alma de quem a ouvia.
Mais do que uma cantora, Nana Caymmi era uma artista completa, que defendia suas escolhas com paixão e autenticidade. Sua voz rouca e sensual, sua presença marcante e sua interpretação sempre carregada de verdade a consagraram como uma das damas da MPB.
O Brasil se entristece com a partida de Nana Caymmi, mas sua voz ecoará para sempre em nossos corações e em nossa memória musical. Seu legado é imenso, sua contribuição para a cultura brasileira é inestimável. Que sua arte continue a nos emocionar e a inspirar novas gerações. Descanse em paz, Nana. Sua voz jamais será esquecida.