Tirinhas

Criação

A tirinha “A Crise de Identidade” utiliza o humor para satirizar a figura tradicional do coelho da Páscoa e sua associação com os ovos de chocolate. Através do diálogo entre dois coelhos, a tirinha explora a incongruência dessa tradição sob uma perspectiva “animal” e realista.

Quadro 1: O Coelho 1 aparece entusiasmado. Sua fala “Ah, finalmente! Meu ovo de Páscoa!” estabelece a cena e a expectativa em torno do símbolo da Páscoa.

Quadro 2: O Coelho 2, em contraste com a animação do primeiro, demonstra desconfiança ao olhar para o ovo. Sua pergunta “Você não acha que estamos meio… fora da nossa área de atuação?” introduz o elemento satírico da tirinha. Ele questiona implicitamente a lógica de coelhos, animais conhecidos por comerem vegetais, estarem tão ligados à produção ou posse de ovos de chocolate.

Quadro 3: O Coelho 1 tenta reafirmar a tradição, respondendo com uma afirmação categórica: “Como assim? Somos os coelhos da Páscoa! Entregamos os ovos!”. Ele assume o papel que lhe é culturalmente atribuído, sem questionar sua origem ou lógica.

Quadro 4: A dúvida do Coelho 2 persiste e se aprofunda. Ele questiona a própria natureza da participação dos coelhos na produção dos ovos: “Sim, mas fazemos os ovos? Desde quando? Eu sempre achei que nossa especialidade era… cenouras. E talvez fugir de predadores.” Essa fala é crucial para a sátira. Ao evocar a dieta natural dos coelhos e seu instinto de sobrevivência, ele contrapõe a imagem fantasiosa do coelho da Páscoa com a realidade biológica do animal. A menção a “cenouras” ressalta a incoerência da tradição do ovo de chocolate.

Quadro 5: O Coelho 1 ignora a lógica do companheiro e se entrega ao prazer do chocolate, com a fala “Bobagem! Evoluímos! Agora somos mestres chocolateiros! Nhac!“. A palavra “evoluímos” é usada ironicamente, sugerindo uma adaptação cultural forçada e um tanto absurda. O som onomatopaico “Nhac!” enfatiza sua ação, contrastando com a contemplação do Coelho 2.

Quadro 6: O último quadro reforça a crítica do Coelho 2, que, olhando para suas próprias patas, expressa a inadequação física dos coelhos para a tarefa de fabricar chocolate: “Minhas patas ainda parecem mais adaptadas para cavar tocas do que para temperar cacau…”. Essa observação final, ancorada na anatomia real de um coelho, sublinha a artificialidade da tradição do coelho da Páscoa e o humor da tirinha.

Em suma, a tirinha utiliza a figura dos coelhos para satirizar a tradição dos ovos de Páscoa, questionando de forma bem-humorada a lógica por trás da associação desses animais com um produto tão distante de sua natureza e dieta. A “crise de identidade” mencionada no título se refere à dissonância entre a imagem cultural do coelho da Páscoa e a realidade biológica do animal, explorada através da perspectiva cética e realista de um dos personagens.

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